Franceses também lutam pelo Passe Livre
Ao que parece, os suecos do Planka.Nu estão fazendo escola. Matéria publicada ontem no portal Terra cita a existência, em Paris, de um grupo chamado Rede pela Abolição dos Transportes Pagos (RATP), formado “principalmente por universitários e militantes de extrema-esquerda” e que “defende que o transporte público seja gratuito, assim como já acontece com a saúde e a educação”.
Basicamente o que defendemos aqui neste site e também no Movimento Passe Livre. Ponto pra luta pela tarifa zero!
A rede parisiense atua de forma similar ao Planka. Diz a matéria: “Para poder usar o serviço de graça, eles criaram um sistema que segue o mesmo princípio de uma seguradora. Os aderentes pagam uma cota mensal e, em caso de ‘sinistro’, apelam para o fundo para arcar com as despesas ocasionadas. A diferença é que a ‘seguradora’ em questão é para socorrer usuários fraudadores do transporte público parisiense, que, por convicção política – ou comodidade – decidiram não pagar mais pelo metrô ou ônibus na capital francesa”.
Apesar da condenação política cheia de juízo de valor da autora da reportagem (definindo o ato como fraude ou comodidade), é sintomático que este tipo de assunto tenha chegado às páginas brasileiras. Se não for sintomático, pelo menos interessante é e eu solto um “viva!”, pois coloca em foco argumentos legítimos para defender o sistema de transporte oferecido à população sem a cobrança na hora do seu uso: “A motivação da maioria deles, declarada em sites na internet, é a de que a carga de imposto na França, uma das maiores do mundo, é suficiente para garantir transporte gratuito para a população”.
Ainda segundo a reportagem, a RATP iniciou suas atividades em 1998 para defender a gratuidade para pobres e desempregados. Continua: “Desde 2006, essa reivindicação foi atendida, mas a RATP não se contentou. Hoje, defende a gratuidade para todos os usuários”. Para um dos entrevistados citados na reportagem, “a iniciativa de formar ‘seguradoras antimultas’ é uma forma de fortalecer o movimento e ser solidário aos que não podem arcar com os custos mensais de transporte. Um cartão mensal válido em Paris e na periferia próxima custa 55 euros R$ 127)”.
É claro que não é desta forma que a tarifa zero será aplicada para o conjunto da população e estes grupos como o Planka.Nu e a RATP sabem disso. É preciso transformar esta idéia em políticas públicas. Mas a iniciativa é louvável, pois emerge o debate. Por exemplo, por conta das ações da RATP a reporter teve de pesquisar e descobrir que existem cidades que aplicaram a tarifa zero: “Algumas cidades francesas, como Châteauroux, Compiègne e Vitrè, concordam que o valor obtido com a venda de tíquetes é irrisório e decidiram implantar o sistema de transportes gratuitos. As prefeituras alegam que as receitas correspondiam a, no máximo, 14% das despesas, o que não justificaria a manutenção da cobrança”.
Que a determinação destes grupos em colocar em pauta a necessidade da tarifa zero (seja através de movimentos de massa ou de pequenos grupos) inspire a retomada dos nossos movimentos aqui no Brasil e estimule o desenvolvimento de laços internacionais.
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